O pilates na reabilitação de pessoas amputadas ou com deficiências

Por volta de 2008, a instrutora de pilates americana Elizabeth Larkam começou a trabalhar com soldados dos Estados Unidos que foram amputados após se machucarem em conflitos armados. Aos poucos, a iniciativa ganhou força e chegou a outros países, como Dinamarca e Israel. Até que, em 2012, surgiu o Heroes in Motion, uma rede voltada para o uso do pilates entre pessoas que perderam algum membro do corpo ou que têm diferentes deficiências físicas.

Graças a décadas de experiência com a modalidade e à proximidade com esses pacientes, Elizabeth virou uma referência. Recentemente, ela esteve no Brasil para participar da VI Jornada Sul-Americana de Pilates, a convite da empresa VOLL Pilates. E conversou com a SAÚDE durante sua estadia por aqui.

“Os pacientes [com dificuldades de movimento] ficam mais confiantes com a melhora dos movimentos. […] Ficam extremamente felizes quando percebem que podem executar um movimento que achavam impossível antes”, destacou ela.

Durante a entrevista, ela fala sobre as particularidades desses indivíduos e quais os principais benefícios do pilates para eles. No mais, deixa claro ao que pessoas com necessidades especiais devem ficar atentas na hora de optar por um ou outro estúdio. E, acima de tudo, reforça a força interior de cada uma delas. Confira abaixo:

SAÚDE: Quais suas primeiras impressões quando começou a utilizar o pilates em pessoas amputadas?

Elizabeth Larkam: na verdade foram duas. A primeira foi um sentimento de admiração profunda. Tenho muita admiração pelos amputados que utilizam próteses nas pernas e nos braços, e conseguem se mover utilizando essas estruturas adicionais a seus corpos. Não importa o que aconteceu a eles, descobri que precisam ter uma coragem e uma capacidade imensas para lidar com essas estruturas adicionais. E a segunda foi de entusiasmo, porque tinha a certeza que o pilates poderia ser útil para lidar com a adaptação para as próteses.

Além de focar nos amputados, o programa Heroes in Motion também lida com algumas deficiências e dificuldades de locomoção, não?

Você está totalmente certo. O programa Heroes in Motion, no início, e outro programa similar na Dinamarca chamado Danish Wounder Warriors Project surgiram da mesma premissa: usar o pilates para a melhor evolução nos casos com pessoas com os mais diferentes problemas de movimento. Podiam ser problemas neurológicos, traumas por queda, trauma devido a cirurgias, ou problemas mentais devido a desordem pós-traumática. Há uma extensa gama de problemas aos quais o pilates pode ser útil.

Entre os resultados nesse subgrupo de pessoas, quais você destacaria como os principais benefícios do pilates?

Em todos os casos, o que me chama atenção é a melhora significativa da autoestima. Os pacientes ficam mais confiantes com a melhora dos movimentos com as mãos e pernas. Ficam extremamente felizes quando percebem que podem executar um movimento que achavam impossível antes.

Além disso, eles conseguem se mover com menos dor e com mais facilidade. E relatam uma mudança total de suas experiências.

É desafiador adaptar a filosofia do pilates e seus gestos a pessoas com dificuldades de movimento?

Só pensa assim quem tem uma visão estreita do pilates. Um dos principais princípios do pilates é incluir todo mundo. Portanto, o movimento pode ser adaptado para ser feito por todos.

O pilates é um sistema de movimento altamente adaptável. Para cada um dos clientes, é possível criar um exercício saudável que possa ser feito por ele e que traga benefícios.

O que uma pessoa com deficiência deveria considerar ao escolher um estúdio de pilates?

Recomendo que a pessoa filtre o instrutor e o local. Pergunte sobre as qualificações, a formação e verifique a qualidade dessa formação. Observe como é o ambiente, se a locomoção é fácil, se há aparelhos de pilates e se a equipe inspira confiança. Quem são essas pessoas? Há quanto tempo trabalham com pilates? O ambiente favorece o tratamento?

Os instrutores de pilates que atuam na reabilitação de amputados fazem cursos especiais para isso?

Sim. Desde o início do programa Heroes in Montion exigimos instrutores de pilates certificados nesse tipo de atuação, com o curso especial para tratamento de reabilitação de amputados, e também com alguns anos de experiência.

Aliás, há cursos avançados de educação continuada para esse tipo de instrutor. Eles trabalham, entre outras coisas, o emocional para o instrutor saber lidar com esse tipo de paciente. Para que eles possam reconhecer quando o emocional vai atrapalhar e conseguir não demonstrar fraquezas, guardando os sentimentos para si mesmo.

Isso ajuda a servir o paciente com complacência, paciência e muita habilidade técnica. Assim, a pessoa se concentra na sua evolução e não será prejudicado por eventuais projeções do instrutor.

Como um instrutor de pilates deveria trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde?

É um privilégio e tanto para o instrutor ser parte de um time provedor de saúde como nos dois projetos que citei anteriormente. E, apesar de muitos instrutores de pilates não terem certificados clínicos, possuem bastante experiência em movimento, o que faz com que sua presença nesse tipo de time multidisciplinar seja valiosa para a evolução do tratamento de reabilitação de amputados.

O instrutor de pilates tem técnicas que nenhum outro membro desse time tem. Então, na minha opinião, o melhor caminho é oferecer essa contribuição única em conjunto com fisioterapeutas, terapeutas, psicólogos, ortopedistas e treinadores esportivos.

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Fonte: Revista Saúde

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